domingo, 25 de agosto de 2013

Vivencie o sabor

A experiência sensorial produzida pelo contraste da acidez suave da nêspera ou ameixa
amarela (Eriobotrya japônica), e o sabor do salmão realçado pelo extrato de sálvia faz desta sugestão de prato uma excelente opção para uma refeição leve, saborosa, muito saudável e simples de preparar.
Descubra o sabor passo a passo do Filé de Salmão com sálvia ao molho de Nêsperas:




domingo, 18 de agosto de 2013

Idêntico ao natural de...


A informação “Sabor artificial idêntico ao natural de...” é tão comum que já aprendemos (ou estamos condicionados) a olhar para ela como se fosse algo muito bom, do qual precisaremos sempre.


Os laboratórios são grandes palcos de mágica e nós, químicos, os mestres ilusionistas. Lá, uma coisa vira outra, e outra, e outra; afinal, o dinamismo das possibilidades de combinações apenas espera por mentes analíticas e mãos habilidosas para manipulá-los.
Mas, qual o benefício da presença artificial naquilo que comemos e bebemos?


Quando os “idênticos ao natural” chegam às indústrias de alimento, acabam se convertendo em sabores cada vez mais distantes da natureza que os inspirou. Morango, uva, chocolate, maçã, laranja, baunilha, entre os tantos, contém informações sensoriais muito distorcidas daquelas registradas na memória palatal e olfativa dos seres humanos, que através da exposição permanente, já perderam a noção do verdadeiro e, portanto, que estão sendo enganados.

Como assim? 
 Quando comemos uma fruta, seu aroma, cor textura e sabor são sinalizadores sensoriais sobre quais as substancias naturais, necessárias para a função celular, estamos trazendo para o corpo. Assim, nosso metabolismo se prepara para processar todo o conjunto dos nutrientes presentes, numa fantástica seqüência de reações bioquímicas. Porém, quando bebemos um suco de laranja industrializado, por exemplo, a maior presença da fruta está na imagem externa das caixas, pois estas vêm carregadas com gomas espessantes para conferir textura e viscosidade, o éster aromatizante, acetato de octila, corante Amarelo crepúsculo, que é uma versão sulfonada  do corante Sudan I, um possível carcinogênico. Tudo isto na tentativa de tornar a mistura mais parecida com o néctar verdadeiro e, claro, os conservantes para garantir que esta meleca chegue ao copo antes de apodrecer. Imagine então o que você bebe daqueles “práticos pozinhos” para suco?
E como fica o ácido ascórbico, nossa vedete, a vitamina C? Ah sim, isto tem, sintético. Foi acrescentado para atuar como antioxidante, meio estranho aos compostos naturais e equilibrados do suco verdadeiro, mas quem se importa? Eu me importo, afinal, no suco da laranja natural temos as flavonas, que promovem a absorção da vitamina C, que ajuda a formar colágeno para uma pele saudável. Ainda é pouco? Que tal o efeito da hesperidina, um componente anticancerígeno, mas que não age sozinho; acredita-se atuar em sinergia com outros fotoquímicos procedentes do fruto?
Ao sermos enganados voluntariamente pelo “artificial idêntico ao natural de”, em nossa mente consciente achamos que isto não terá o menor impacto sobre nosso corpo. É até melhor, pensam alguns, o gosto é mais “forte”. Mas, a realidade é que nossas células não pensam assim. Durante o processo evolutivo elas adquiriram a capacidade de “trabalhar” todas as substâncias naturais integrantes da dieta e, desta forma, os receptores de membrana precisam dos elementos específicos, passados em primeira informação para os sentidos. O revestimento do nosso estômago depende das mucilagens daquele suco para sua proteção, no entanto, uma imitação grosseira feita com gomas e corantes, acrescida de ésteres, misturas de álcool e ácido que lhe conferem aroma e sabor, não tem o mesmo papel e ainda acabam atacando aquelas mucosas desprotegidas do trato gastrointestinal.
Nesta gangorra que desperta e frustra constantemente o metabolismo, pode haver uma resposta compulsiva alimentar que nunca será satisfeita, tendo como conseqüência a síndrome metabólica e o comprometimento da saúde. Isto vai muito além, pois se há mais de 23 séculos Hipócrates já dizia "Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio", hoje, na contramão da vida, fazemos dele o nosso veneno.
Texto:  Romualdo Vicente De Ramos